Desigualdade social, crise climática, desinformação, responsabilidade e ética diante do avanço da transformação digital. Esses são só alguns dos grandes desafios que nosso mundão encara; alguns, como sabemos, com ainda mais complexidade aqui no Brasil. É neste cenário que o papel social das empresas tem protagonismo, trazendo os conceitos de ESG (governança ambiental, social e corporativa, do inglês Environmental, Social, and Corporate Governance) para o centro das discussões de negócios. Com a área de Gestão de Pessoas sendo o coração estratégico nas organizações, a pergunta que fica é: qual o papel do RH na agenda ESG das empresas?
Se você está aqui, é porque também se fez essa pergunta e quer entender melhor como sua atuação profissional pode contribuir para as mudanças tão urgentes que precisamos. Na verdade – e ainda bem -, você não está sozinho ou sozinha nessa. Consumidores e trabalhadores estão considerando o impacto das empresas em suas decisões, seja de compra ou na hora de aceitar/permanecer em um emprego.
Algumas pesquisas apontam justamente nesta direção e evidenciam a importância das empresas olharem para quais valores regem suas ações e decisões. É o que veremos com mais detalhes a seguir, para depois partir para o papel do RH na agenda ESG das empresas.
Pegue seu café, chá ou água e vamos nessa 😉
O que é, de fato, a agenda ESG e por que ela é importante para as empresas?
O ponto de partida é compreender o que a sigla ESG significa para além da tradução das palavras. A agenda envolve uma nova abordagem das empresas diante do mundo; uma abordagem que considera como premissas a responsabilidade ambiental, social e ética na relação com toda a cadeia na qual a organização está inserida. Isso quer dizer que as decisões e iniciativas são tomadas para equilibrar impacto positivo e valor econômico.
Uma tarefa complexa? Com certeza! Mas não é hora das empresas a varrerem para debaixo do tapete esse compromisso.
Na pesquisa Edelman Trust Barometer 2022, são elas que detêm o maior nível de confiança da sociedade civil para atuar em relação aos problemas enfrentados – o percentual de “mais confiável” alcançou 64%, superando os 60% das ONGs. O estudo também indica que para 76% das pessoas, as empresas são as instituições mais capazes de “executar com êxito planos e estratégias que gerem resultados”; para se ter uma ideia, o governo ficou com apenas 38%. Sendo assim, organizações estão sendo convocadas para serem agentes da transformação.
Além disso, como adiantamos lá em cima, o comprometimento das organizações no enfrentamento dos problemas da sociedade se tornam critérios para consumidores e profissionais. Na pesquisa, 63% das pessoas entrevistadas disseram que defendem ou consomem de marcas com base em seus valores e crenças; 60% concordam quando o assunto é decidir onde investir; e 58% quando se refere à escolha de um local para trabalhar.
Por fim, vale ainda destacar que empresas com agenda ESG têm mais chances de captar investimentos; de reduzir riscos trabalhistas, jurídicos e fraudes; de sofrer menos com impactos ambientais; dessa forma, podem conquistar maior perenidade e prosperidade.
Ufa! Motivos para investir na agenda ESG não faltam – e o RH precisa fazer parte disso. Vamos ver como? Siga aqui!
Como o RH pode atuar efetivamente na agenda ESG das organizações?
Uma das reflexões que você pode fazer é se perguntar: as lideranças da minha empresa estão engajadas com as pautas sociais, ambientais e de governança? O relatório “Liderança para a Década da Ação”, desenvolvido pelo Russell Reynolds Associates e pelo Pacto Global da ONU, traz na sua conclusão caminhos para uma atuação sustentável. São eles: seleção de executivos e executivas; sucessão; incentivos; e desenvolvimento. Em todas essas camadas, o RH ou a Gestão de Pessoas está diretamente envolvido, não acha?
A seleção de pessoas para ocupar cargos executivos se refere ao olhar acurado para encontrar perfis alinhados às novas demandas.É importante ampliar o processo para que a diversidade e inclusão façam parte dos parâmetros de formação de uma diretoria plural, trabalhando o ‘S’ da agenda ESG desde o topo. Ainda sob a ótica da liderança, pensar e planejar a sucessão de cargos executivos para garantir que a mentalidade EGS siga evoluindo – ou seja, o RH ou a Gestão de Pessoas deve criar um programa de treinamento tanto para líderes quanto para futuros líderes, com o objetivo de preparar essas pessoas para incorporarem os valores de responsabilidade socioambiental e de governança.
Em relação aos incentivos, entram as políticas de remuneração igualitárias e justas, além de recompensas pela incorporação de práticas ESG na organização. Por fim, o desenvolvimento está associado à necessidade de conscientizar, oferecer ferramentas, recursos e impulsionar pessoas para que também sejam agentes transformadores dentro e fora das empresas.
Esses pilares são estratégicos e fundamentais, mas não se esqueça de que o papel do RH na agenda ESG envolve também a efetivação de políticas de diversidade, equidade e inclusão na empresa como um todo; e o cuidado com o bem-estar e saúde mental (um problema crítico da nossa sociedade).
Com uma visão integral e holística das pessoas e do negócio, certamente, o RH poderá encabeçar a mudança nas organizações, e essas mudanças, por sua vez, poderão se expandir para além dos muros das empresas, levando todos, todas e todes para um futuro mais justo, equilibrado e feliz. Você, profissional de Gestão de Pessoas, se sente preparado e preparada para atuar na agenda ESG da sua empresa? Quais temas ainda gostaria de aprofundar? Conte para nós e, assim, podemos criar conteúdos mais interessantes e relevantes para a sua carreira!
Esperamos que tenha gostado 🙂 Até mais!