Houve um tempo em que o trabalho era visto como uma penitência, reservado a uma maioria desafortunada. Depois, o trabalho se tornou símbolo de dignificação, o caminho para a glória, para a conquista de um status moral e social. Virou nossa identidade e, mais recentemente, com a geração Millennial, foi encarado com o olhar mais romântico da realização pessoal. Sim, estamos ao longo da história, ressignificando o sentido do trabalho e, especialmente agora, atravessando um momento de profunda transformação do lugar que ele ocupa em nossas vidas.
A modernidade, com seus dispositivos móveis e acesso imediato a tudo, somado ao culto à produtividade (o famoso “trabalhe enquanto eles dormem”) desencadeou em uma série de consequências para as pessoas: não à toa, os casos da Síndrome do Burnout (ou Síndrome do Esgotamento) cresceram muito nos últimos anos. Só no Brasil, 32% da população sofre com estresse crônico ligado ao trabalho; e já são 500 mil pedidos de auxílio doença feitos no INSS. Então, com a pandemia e a imposição do trabalho remoto, a crise se intensificou. Vida pessoal e profissional embaralhadas, jornadas de trabalho mais extensas, profissionais exaustos.
Segundo Tatiana Iwai, professora de Comportamento Organizacional e Liderança da Insper, “Foi um período difícil, que permitiu a muitas pessoas refletir sobre o que elas queriam e não queriam.” E apesar dos desafios do modelo home office, viram que poderiam e precisavam de mais flexibilidade e qualidade de vida em suas rotinas. A partir do gatilho do trabalho remoto e da pandemia, milhões de pessoas começaram a se desligar de seus empregos, nos Estados Unidos, mesmo sem ter um novo emprego em vista: em outubro de 2021, o número chegava a 20 milhões, segundo o Bureau of Labor Statistics. O fenômeno de turnover foi tão evidente que ganhou o nome de “Grande Renúncia” (The Great Resignation, termo cunhado pelo psicólogo e professor americano Anthony Klotz).
Esse movimento, certamente, é complexo e envolve mais camadas. Mas outras pesquisas e análises apontam para a mesma direção. Uma sondagem da Robert Half mostrou que ⅓ dos profissionais cogita mudar de emprego, caso o modelo home office não seja mantido. Outro estudo, dessa vez do ManpowerGroup, apresenta uma nova pirâmide de necessidades dos colaboradores e, ainda que haja variações por gênero e faixa etária, existe uma nova interpretação para como a remuneração (a base da pirâmide) é recebida pelas pessoas: cultura de bem-estar, política de descompressão, flexibilidade, recompensas por aprendizagem, licença parental são alguns exemplos que entram no pacote.
Para completar a lista de análises, uma recente avaliação da Mckinsey faz um recorte para a realidade dos profissionais que são pais: a tendência é maior para que deixem os seus trabalhos, motivados pelos malabarismos de cuidar dos filhos, viver sob a pressão dos empregos e sentimento de não serem valorizados nas empresas.
Escassez de talentos e a necessidade das empresas reverem suas estratégias alinhadas ao novo sentido do trabalho
Diante de um cenário de desconstrução, as organizações têm a oportunidade de construir estratégias em sintonia às demandas das pessoas, até mesmo porque o mercado de trabalho enfrenta níveis recordes de escassez de talentos. Ainda segundo o ManpowerGroup, em 2021, 71% dos empregadores brasileiros afirmaram ter dificuldade de encontrar as habilidades desejadas. Ou seja, a disputa está cada vez mais acirrada e é urgente agir para garantir a sustentabilidade dos negócios.
As organizações que compreenderem a importância de estimular uma relação mais saudável com o trabalho e serem parceiras das pessoas em administrar essa balança, certamente, sairão na frente. Implementar a flexibilidade, no entanto, não está relacionado apenas ao modelo de trabalho – remoto ou híbrido -, também quer dizer compreender que as experiências de vida de cada pessoa e suas realidades são diferentes, logo, diversas também são as suas formas de encontrar equilíbrio, cuidar do bem-estar e ter momentos de descompressão. É neste sentido que os benefícios flexíveis são grandes aliados dos gestores e gestoras para proporcionar recursos que podem ser usados pelos colaboradores e colaboradoras de acordo com suas reais necessidades e desejos.
Com uma oferta muito mais valiosa e aderente, além de contribuir para a qualidade de vida das pessoas, a marca empregadora (employer branding) e a experiência dos profissionais com a organização (employer experience) são fortalecidas, promovendo maiores níveis de atração e retenção de profissionais. O impacto é sentido por todos e todas, inclusive pelo negócio, que poderá ver colaboradores mais engajados e satisfeitos com o trabalho e suas vidas.
E por aí, como andam as definições de rota para a Gestão de Pessoas da sua empresa? Conte com a nossa equipe para bater um papo e saber mais sobre como os benefícios flexíveis da Swood podem estar ao seu lado e ao lado das suas equipes.
Até a próxima 🙂
4 thoughts on “O novo sentido do trabalho: quais são as novas prioridades dos profissionais?”