Por Carina Marques – Swood Team
Viver em plena pandemia tem vindo a mostrar-nos que aquilo que, por vezes, tomamos como certo, tanto no trabalho como na vida pessoal, nem sempre o é. Empregos tidos como estáveis ou, pelo menos, duradouros, deixaram de o ser e muitos dos recursos humanos foram dispensados. A forma “tradicional” mostrou-se obsoleta na adaptação à nova realidade pandémica, exigindo um esforço de adaptação de empregadores e colaboradores para que fosse possível manter a atividade. Desta forma, o teletrabalho passou a fazer parte do quotidiano, assim como as inúmeras plataformas online de comunicação.
A era do COVID em que ainda vivemos parece ter trazido consigo uma série de novos hábitos e, à medida que o tempo passa, parece que cada vez mais tentamos retomar a antiga “normalidade” dentro dos constrangimentos que a atual realidade nos impõe. Pensando, por exemplo, nos recém-graduados ou estudantes que procuram o seu primeiro emprego ou estágio, uma tarefa per se angustiante e desgastante, como será em plena pandemia? A incerteza social e económica constante, assim como os cortes que muitas empresas tiveram de fazer para continuar em atividade, parecem criar um cenário pouco otimista para quem procura iniciar carreira. Os próprios processos de recrutamento e seleção alteraram-se, passando a realizar-se entrevistas por videochamada, por exemplo, tornando mais difícil conhecer a realidade da empresa-alvo.
Por outro lado, poderão também surgir oportunidades e modalidades de trabalho que antes seriam impensáveis, mas que são possíveis pela adaptação que a pandemia nos exigiu. Assim, as barreiras geográficas/físicas parecem ter sido atenuadas, uma vez que muitas ofertas de emprego são total ou parcialmente em teletrabalho. Desta forma, muitas funções podem ser executadas à distância, independentemente do ponto do país ou do mundo onde o colaborador se encontre, desde que tenha acesso à Internet. Apesar de, sob esta perspetiva, o leque de oportunidades de quem procura emprego aumentar consideravelmente, aumenta também a competição. As modalidades mais flexíveis de trabalho podem levar a que haja um maior número de candidatos e, até, de diferentes regiões e/ou países, tornando os processos de seleção ainda mais exigentes e rigorosos.
Contudo, parece também pertinente questionarmos qual será a realidade laboral quando o tão desejado fim da pandemia chegar. Não nos é possível prever com toda a certeza o que o futuro laboral nos reserva, dada a constante insegurança que a realidade atual nos apresenta. No entanto, poder-se-á especular sobre como serão as carreiras no futuro, quais as modalidades de trabalho e quais as áreas predominantes.
Será de esperar que a modalidade de trabalho à distância continue a ser adotada ou possa ser enquadrada numa modalidade híbrida, dadas as vantagens que oferece, tanto aos colaboradores como aos empregadores. Poder-se-á, também, prever um grande foco do mercado de trabalho nas áreas de IT, inovação e empreendedorismo, visto que a pandemia pareceu acentuar, ainda mais, a tendência positiva que já se vinha a notar. Tendo, ainda, em conta os impactos negativos da situação pandêmica nas relações e na saúde mental de todos, seria benéfico uma maior aposta no suporte dado aos colaboradores neste sentido, prevenindo situações extremas de ansiedade, burnout ou depressão. Espera-se, assim, uma maior capacidade de adaptação e resiliência dos intervenientes no panorama laboral, mas também uma realidade mais sujeita a pressão e stress.