Por Carina Marques – Swood Team
Se há umas décadas questionássemos um empregador sobre o que distingue um bom candidato ou um bom colaborador de outro, poderíamos esperar obter respostas do género “conhecimento na área”, “capacidade para executar as tarefas”, “experiência prévia na função”. No fundo, as respostas cairiam no âmbito da proficiência técnica, isto é, das hard skills. Contudo, com a generalização da escolaridade obrigatória e com o crescente número de estudantes a ingressar e completar o ensino superior, cada vez mais os percursos tomados são semelhantes entre os indivíduos. Sendo assim, como é que um empregador consegue distinguir os candidatos e colaboradores entre si, se todos apresentam percursos académicos e, até, extracurriculares semelhantes?
Nesta nova era do mercado laboral, as tão apreciadas hard skills parecem dar lugar, cada vez mais, às soft skills. Estas últimas correspondem às capacidades individuais que não estão relacionadas com o conhecimento técnico, mas antes com as competências emocionais, de relacionamento e de comunicação, por exemplo. Não podem, geralmente, ser aprendidas nos manuais, apesar de a literatura ser rica em matéria sobre soft skills. Contudo, não significa que estas competências não possam ser desenvolvidas, melhoradas e aprimoradas; tal requer experiência e pede ao indivíduo que saia da sua zona de conforto e se coloque em situações que permitam o seu desenvolvimento.
Mas, então, quais serão as soft skills mais valorizadas no mercado atual? Se fizermos uma pesquisa rápida na Internet sobre o assunto, descobriremos que existem inúmeros resultados e listas que enumeram as melhores competências para colocar no CV ou as competências que são mais apreciadas no mercado atual. Existem diversas skills e a sua importância e pertinência dependerá de vários fatores, como o setor de atuação, a cultura da organização e o cargo em si. No entanto, não significa que não seja possível elencar algumas soft skills que podem, certamente, melhorar tanto o CV do indivíduo como o seu desempenho profissional.
Capacidade de Liderança é uma das competências mais citadas no âmbito das soft skills. Apesar de o que é “ser um bom líder” ser um tema sujeito a alguma subjetividade, ter capacidade para liderar uma equipa, influenciar o comportamento dos outros para que façam o seu trabalho da melhor forma e dar-lhes apoio, orientação e suporte, por exemplo, impõe-se cada vez mais como uma competência-chave no mercado de trabalho atual. A Comunicação é outra das principais soft skills valorizadas. É necessário comunicar e comunicar bem, de forma eficaz, assertiva e nas suas diferentes formas: escrita e verbal.
Espírito de Equipa é, talvez, das competências mais importantes atualmente. Há uma maior tendência para a criação de equipas multidisciplinares que, em alguns casos, mudam consoante os projetos em causa, o que exige aos colaboradores a capacidade para trabalhar com diferentes pessoas, partilhando informação, entreajudando-se e procurando, em conjunto, atingir um objetivo comum. Associada a esta soft skill, poder-se-á falar de uma outra: Adaptabilidade. A capacidade para se adaptar a diferentes pessoas, mas também contextos e, mesmo, imprevistos afigura-se como preponderante num mercado laboral cada vez mais em expansão e em constante mudança. Face à menor incerteza que parece pautar as nossas vidas, ser capaz de se adaptar às diferentes situações parece ser não só útil profissionalmente, mas também na vida em geral. Na mesma linha de pensamento, surge a Resiliência como skill pertinente e importante atualmente. Face às adversidades do dia-a-dia laboral e aos obstáculos que se encontram ao longo do caminho, é preciso ser capaz de reagir e responder às dificuldades sem perder o ânimo, superando-as.
Este texto conta apenas com cinco soft skills, mas muitas mais poderiam ser elencadas. É importante ressalvar que as chamadas hard skills não deixaram de ser procuradas pelos empregadores. Ambas as competências devem existir. Contudo, num contexto de elevada mão-de-obra qualificada, as competências soft são, também, avaliadas em critérios de desempate e distinção. Além disso, parece percetível que estas competências podem ser desenvolvidas através da experiência, pois só com a prática se poderá melhorar cada vez mais. Nem sempre parece possível fazê-lo, pelo que além da vontade individual do colaborador para crescer e desenvolver o seu potencial, as organizações devem, também, criar condições para que os colaboradores possam desenvolver-se e desafiar-se.