29 de janeiro foi escolhido como o Dia da Visibilidade Trans, pois, nesta mesma data, em 2004, a campanha “Travesti e Respeito” criou um marco histórico na luta contra a transfobia. Pense no quão significativo é este movimento de diversidade e inclusão no Brasil, que pela 14º vez ocupa o posto de país que mais mata pessoas trans no mundo.
O prefixo ‘trans’, do latim, indica ‘para além de” ou “do lado oposto”. Sendo assim, quando falamos de pessoas trans, estamos falando de pessoas que não se reconhecem com o gênero que foi designado pelo sexo. Por exemplo, uma pessoa que nasce com pênis e que não se identifica como homem, mas como mulher, passa a ser uma “mulher trans”. No termo ‘trans’ estão incluídas pessoas transexuais, transgêneros, travestis, pessoas não binárias, entre outras.
Em uma sociedade heteronormativa – ou seja, em que o considerado ‘correto’ é se relacionar com pessoas do sexo oposto – pessoas trans ficam à margem, são discriminadas e perseguidas, e seus direitos de existir e viver com dignidade são cerceados. Para se ter uma ideia, segundo o IBGE, enquanto a expectativa de vida da população no Brasil é de 74 anos, para pessoas trans essa média é de apenas 35.
Sofrendo com estigmas, preconceitos e violências, pessoas trans encontram poucas oportunidades de inclusão, o que vale também para o mercado de trabalho. Um relatório da ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), de 2019, aponta que 90% da população de travestis e de mulheres transexuais encontram na prostituição a forma de obter renda.
Encarando de frente a exclusão, a escolaridade e a qualificação para entrar no mercado formal ficam comprometidas, criando mais uma barreira para acessar oportunidades de emprego significativas para suas jornadas. Além disso, vale ressaltar que para mulheres trans e travestis, o machismo e a misoginia se somam à transfobia, o que reduz ainda mais as chances de ingressar em uma empresa.
“As contratações, mesmo acontecendo, infelizmente ainda são muito higienistas. Em um sentido de que homens trans ou transmasculinos são muito mais facilmente contratados do que mulheres trans. Quanto mais marcadores tenham em cima de você, mais exclusões vão se criando e mais dificuldade de acesso ao mercado de trabalho vai acontecendo”. Maite Schneider e co-fundadora da plataforma Transempregos
Sim, uma mudança estrutural na sociedade é urgente, atravessando os mais diversos preconceitos para que as pessoas sejam beneficiadas com condições equitativas de educação, saúde, moradia, entre outros direitos básicos para o desenvolvimento e vida digna. Embora seja todo um ecossistema a ser transformado, empresas podem e devem ser agentes desse processo.
Diversidade e inclusão fazem bem – para as empresas e para o mundo
“É proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar, deficiência, reabilitação profissional, idade, entre outros, ressalvadas, nesse caso, as hipóteses de proteção à criança e ao adolescente previstas no inciso XXXIII do art. 7o da Constituição Federal.” Lei 9.029/95
Antes de trazer a agenda de diversidade e inclusão como uma demanda para as empresas atenderem, é importante resgatar o que deveria ser óbvio: é direito de todas, todos e todes ter acesso a oportunidades de trabalho digno. Ainda que a pauta esteja sendo cada vez mais reivindicada e cobrada das empresas, ainda há muito o que se fazer.
Além da justiça social, organizações têm muito a ganhar com a pluralidade de perfis e pessoas. Uma pesquisa da Accenture mostra que empresas que são diversas e inclusivas têm colaboradores 6x mais criativos e atuam de forma 11x mais inovadora. Outro estudo, da Mckinsey, mostra que a diversidade étnico-racial pode aumentar em 35% as chances de alcançar retorno financeiro maior que a média da categoria nacional.
No entanto, vemos que ainda há um longo caminho a ser percorrido. O relatório do Great Place To Work de 2022 revela que a agenda de diversidade e inclusão perdeu força entre as prioridades das empresas – de 2021 para 2022, o número de organizações que afirmaram que este era um assunto prioritário caiu de 37% para 17,9%. No recorte da população LGBTQIA+, em especial pessoas trans, esse cenário pode implicar em ainda mais desafios.
Já para as empresas que contratam profissionais trans, há ainda uma necessidade de rever as práticas de inclusão para acolher e possibilitar a preservação desses talentos. Ainda com dados da ANTRA, para 88% das pessoas entrevistadas “as empresas não estão preparadas para contratar ou garantir a permanência de pessoas trans em seus quadros”.
Entre treinamentos e iniciativas de conscientização sobre a realidade social brasileira, preconceitos e diversidade, para que colaboradores e colaboradoras possam acolher pessoas trans, uma das ações que fazem muita diferença no sentimento de pertencimento é a adoção de pronomes de preferência. Você já deve ter visto, no LinkedIn, por exemplo, o complemento no perfil indicando ““ela/dela” “ele/dele”, não é mesmo?
Para uma pessoa que se identifica como mulher, mesmo tendo sexo masculino, a importância de ser referenciada com pronomes femininos é uma atitude de respeito. Simples e fundamental assim 🙂 Por isso, ao trazer, em assinaturas de e-mail ou crachás, a indicação de pronomes de preferência, a empresa contribui para normalizar a presença de pessoas trans.
E você, está em busca de formas de tornar a sua empresa aliada da comunidade LGBTQIA+ e das pessoas trans? Veja como você pode direcionar a sua busca por esses talentos!
Como contratar pessoas trans na minha empresa?
Não tem desculpa para contratar e incluir pessoas trans na sua empresa. Uma das formas mais efetivas é contar com consultorias de recrutamento e seleção que atuam diretamente com essa comunidade. É o caso da TransEmpergos, projeto pioneiro e mais representativo de empregabilidade para pessoas trans no Brasil. Além de acessar milhares de currículos gratuitamente, profissionais de RH, de Gestão de Pessoas e líderes podem participar de cursos e atividades que fomentam a participação de homens e mulheres trans, transexuais e transgêneros no mercado de trabalho.
Outra parceira para contribuir com a agenda de diversidade e inclusão é a Transcendemos. Além de apoiar organizações em estratégias, comunicação, aprendizagem, análise, a consultoria atua no Talent Acquisition de profissionais de grupos sub-representados, como pessoas trans.
E para fechar, não poderíamos deixar de falar da inserção no mercado de tecnologia, um dos que mais demanda talentos atualmente. Para isso, a sua empresa pode contar com a EducaTRANSforma, a qual oferece qualificação em diversas áreas de TI para pessoas trans e as conecta a empresas que estão em busca de profissionais trans.
Agora é com a sua organização! Afinal, apesar do Dia da Visibilidade Trans marcar o 29 de janeiro, esta é uma pauta que precisa estar ativa permanentemente. Só assim, o debate poderá se tornar ação, ação poderá se tornar impacto, e o impacto multiplicado ser, enfim, a transformação.
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Até a próxima! 😉