Do dia para a noite, profissionais do mundo inteiro tiveram as rotinas viradas de cabeça para baixo. Com a pandemia, o home office foi a solução para que pessoas (para aquelas cuja função permite) continuassem suas atividades, colocando em xeque a ideia de que o escritório é o único lugar onde o trabalho pode acontecer. De lá para cá, a discussão sobre o formato remoto se tornar ou não a nova norma tomou conta das conversas do mundo corporativo.
E se você achou que em 2022 esse tema estaria superado, se enganou. Afinal, muitas organizações ainda estão tentando entender qual a melhor configuração para o negócio, com base nos prós e contras do modelo de trabalho presencial, do trabalho híbrido e do formato 100% remoto. Além disso, recentemente, a polêmica voltou a se aquecer com o comunicado categórico do empresário Elon Musk: no e-mail enviado aos colaboradores, ele exige o retorno presencial das equipes por, no mínimo, 40 horas semanais.
E a sua empresa, como tem lidado com esse dilema? Se por aí ainda estão investigando as possibilidades e buscando caminhos para dar conta desse desafio, siga com a gente para entender o que vale considerar para criar a melhor estratégia para a empresa e para as pessoas!
Expectativa dos trabalhadores em relação à flexibilidade
Segundo uma pesquisa da WeWork, apenas 5% dos profissionais querem voltar ao presencial em tempo integral. Para a Claudia Woods, CEO da WeWork na América Latina, “esse número mostra que as empresas não sairão as mesmas de antes da pandemia.”
Outro estudo, ‘Great Realization: o futuro do trabalho é agora‘, mostra que a ideia de flexibilidade não está restrita apenas ao local de trabalho, mas envolve também a liberdade de escolher os horários e customizar a semana, de acordo com o que fizer sentido com suas necessidades. Ou seja, cada vez mais, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, além da preocupação com a saúde mental, vem conduzindo as preferências e decisões das pessoas.
45% dos trabalhadores querem escolher horários para começar e terminar a jornada .
4 em cada 10 querem decidir quais os dias trabalham remotamente e desejam poder mudar esses dias a cada semana.
Fonte: ‘Great Realization: o futuro do trabalho é agora
Em dois anos, o modelo remoto teve tempo de gerar raízes e construir hábitos que as pessoas não querem abrir mão. E as empresas não deveriam ignorar isso, ainda mais em um momento em que a atração, contratação e retenção talentos alcançam níveis de dificuldade recordes, chamando as organizações a reverem a proposta de valor que oferecem aos seus colaboradores e colaboradoras.
PARA REFLETIR: sabemos que algumas funções ainda exigem que o trabalho seja feito de forma presencial, mas ainda assim, líderes, gestores e gestoras podem proporcionar flexibilidade a esses profissionais, seja com horários alternativos, escalas, ou jornadas reduzidas. O importante é que a flexibilidade seja uma vantagem para todos e todas 😉
Ampliação do raio de contratações de talentos
O formato de trabalho presencial, todos os dias, implica em somente pessoas que moram na mesma cidade da organização – ou próximas – possam ser contratadas. Já quando as fronteiras geográficas são rompidas, com o modelo remoto, por exemplo, a possibilidades de encontrar talentos que antes seriam inacessíveis são alargadas. Em um contexto de escassez de habilidades, essa expansão pode significar uma fonte de vantagem competitiva para a empresa.
A pluralidade de perfis e a multiculturalidade também são potenciais agregadores de valor para o trabalho, no entanto, requer que a gestão de pessoas tenha, ao mesmo tempo, uma universalidade (com equidade de benefícios e condições) e uma singularidade em termos de adaptação ao calendário (feriados, fuso horário) e estilo de vida em diferentes regiões do país e fora dele. Aqui, benefícios flexíveis também são ótimas pedidas para que as pessoas possam utilizar de acordo com suas rotinas e demandas pessoais! 😉
Conexão social e colaboração no trabalho
Sabe aquela pausa para o cafezinho ou aquela troca que acaba gerando um insight? Pois é, pertencimento, imersão na cultura e vínculos são aspectos fundamentais para uma experiência positiva e sustentável no trabalho. Porém, no home office e no trabalho totalmente remoto, esses pilares podem ficar comprometidos. A Pew Research Center apresentou em seu relatório, feito em janeiro deste ano, que 60% das pessoas se sentem desconectadas de seus colegas por causa do formato remoto.
A pesquisa da WeWork, que citamos anteriormente, reforça a importância das conexões. Entre os benefícios citados pelas pessoas entrevistadas, 75% afirmaram ser a integração entre áreas e colaboradores; 58% apontaram a troca de informações e processos criativos; 57% citaram a formação de amizades; e 50% afirmaram ser o fortalecimento da cultura da empresa.
Por isso, o trabalho híbrido surge como uma forma de equilibrar a flexibilidade com as oportunidades de conexão social, de criatividade e de interação. A mesma pesquisa mostra que 81% dos entrevistados desejam atuar no modelo híbrido, ou seja, alguns dias no escritório, outros em casa. Neste sentido, os escritórios estão sendo ressignificados como espaços de colaboração entre pessoas para o desenvolvimento de um projeto, para oferecer rituais de cultura e para gerar momentos de integração entre profissionais, por exemplo, na chegada de novos colaboradores ou a formação de uma nova equipe.
Liderança e Gestão no formato remoto
Este ponto, inclusive, é um dos mais sensíveis quando falamos do formato remoto, já que, assim como Elon Musk, outras lideranças acreditam que pessoas não ficam mais engajadas e produtivas trabalhando a distância. Na verdade, isso vai depender muito da cultura da empresa, da comunicação entre pessoas, da gestão de processos e das oportunidades de conexão com os colegas.
O antigo modelo de gestão é baseado em comando e controle que, pela própria descentralização e flexibilidade características da era digital, começa a perder força para que a autonomia e a confiança fundem as relações entre líderes e liderados. Assim, se a sua empresa encara um certo tipo de resistência de líderes, gestores e gestoras em relação ao trabalho remoto, pode ser interessante oferecer treinamento e qualificação para estarem mais preparados e preparadas para conduzir times em novos contextos – com novas necessidades.
No mundo do trabalho atravessado por tantas mudanças, não existe uma resposta única e nem definitiva. O importante para quem está com a Estratégia de Pessoas na mão, como o seu caso, é entender para onde os movimentos apontam e como eles podem se adaptar à realidade da sua organização, de uma forma que concilie a eficiência do negócio com as demandas e o bem-estar de colaboradores e colaboradoras. E então, como você enxerga os formatos de trabalho daqui em diante?
Esperamos ter ajudado!
Até a próxima 😉