Por Mariana Vaz – Swood Team
Todos os anos se produzem 2,5 mil milhões de toneladas de lixo na União Europeia e, em 2019, produziram-se 265 mil toneladas de lixo no Brasil. Essas toneladas têm se acumulado ao longo dos anos e é fácil perder a noção do que significa realmente colocar algo “fora”. O “pôr fora” nunca (ou muito raramente) significa fazer com que desapareça. Na realidade, grande parte do lixo que produzimos viverá muitos mais anos que nós, assombrando a terra, destruindo habitats e recursos.
A produção de lixo e o consumo de materiais descartáveis está fortemente enraizada na nossa sociedade, que segue um modelo económico linear. A economia linear baseia-se no princípio “produz, utiliza, deita fora”. Este modelo exige vastas quantidades de materiais a baixo preço e de fácil acesso e muita energia, para que seja possível produzir novos produtos à velocidade das necessidades humanas. O extremo deste modelo económico é a obsolescência programada, contra a qual o Parlamento Europeu tem vindo a pedir medidas. A obsolescência programada consiste em produtos que são concebidos para um período de vida útil limitado e muito breve, de modo a incitar os consumidores a comprar outro novo produto a um preço tão baixo que facilmente concorre com a reparação ou outras alternativas que não necessitam de tantos materiais novos e energia.
Em contraste, surge o conceito da economia circular. Inspirando-se nos mecanismos dos ecossistemas naturais, que gerem os recursos a longo prazo num processo contínuo de reabsorção e reciclagem, este modelo económico promove a reorganização de atividades, através da coordenação dos sistemas de produção e consumo em circuitos fechados. A economia circular é um modelo de produção e de consumo que envolve a partilha, o aluguer, a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais e produtos existentes, enquanto possível. Desta forma, ainda que muito associado ao fim de vida dos produtos e à sua reciclagem, este modelo foca-se também no consumo apenas de produtos necessários e de elevada qualidade, redesenho de processos, produtos e novos modelos de negócio e otimização da utilização de recursos. Visa assim o desenvolvimento de novos produtos e serviços economicamente viáveis e ecologicamente eficientes e materializa-se na minimização da extração de recursos, maximização da reutilização, aumento da eficiência e desenvolvimento de novos modelos de negócios. O ideal é que quando um produto chega ao fim do seu ciclo de vida, os seus materiais sejam mantidos dentro do circuito económico sempre que possível, podendo ser utilizados uma e outra vez, até para meios diferentes dos originais.
A produção em economia circular beneficia os clientes e o consumo consciente, uma vez que, apesar de serem provavelmente mais caros, os produtos duram “uma vida”. No longo prazo, contribui para a melhoria da qualidade de vida dos consumidores e permite-lhes poupar dinheiro. A mudança para uma economia circular pode ainda trazer benefícios como a redução da pressão sob o ambiente, maior segurança no aprovisionamento de matérias-primas, aumento da competitividade e promoção da inovação.
A economia circular é mais do que uma tendência: é o voltar aos padrões de consumo dos nossos avós, dar valor às nossas posses e tratá-las como parte da nossa vida, ao invés de algo que apenas vamos utilizar durante um período de tempo muito limitado e apenas para a sua função original. Em última análise, é atribuir significado a cada um dos nossos consumos e percebemos que tudo o que utilizamos e consumimos, é, tal como nós, parte deste planeta tão lotado e que merece ser cuidado.
Fontes:
https://www.europarl.europa.eu/news/pt/headlines/economy/20151201STO05603/economia-circular-definicao-importancia-e-beneficios
https://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/lixo.htm