Por Carina Marques – Swood Team
O mês de dezembro marca uma das épocas mais festivas do ano – o Natal! O calor da lareira, o aroma delicioso que prepara o estômago para a tão aguardada noite, a ansiedade dos mais pequenos para receberem os presentes do Pai Natal… elementos aos quais associamos esta época tão especial.
A troca de presentes é, sem dúvida, uma demonstração de carinho e consideração pelo outro: escolher o presente certo que sabemos que aquela pessoa vai com toda a certeza adorar proporciona tanta ou mais felicidade do que sermos nós a receber algo. Mas e o outro lado da moeda? Numa primeira impressão, pensemos na quantidade de papel que é usada em embrulhos e deitada fora por não ser possível reaproveitar; ou na quantidade de pessoas que correm às lojas e grandes superfícies comerciais para fazerem as suas compras de Natal, aumentando significativamente o consumo nesta época.
Este último ponto é, sem dúvida, um motor para a economia. Por um lado, pelo aumento de receitas que praticamente todos os intervenientes na cadeia de valor sofrem; por outro, pela diminuição da taxa de desemprego, ainda que de forma sazonal, visto muitos colaboradores serem contratados como reforço para esta altura em particular. Contudo, para fazer face à elevada procura, a produção e a oferta de bens e serviços tem de acompanhar esse aumento.
Consideremos um smartphone, por exemplo, um dos objetos mais cobiçados no que toca a presentes. A produção de um smartphone resulta, em média, em 86kg de resíduos… 86kg para um dispositivo de cerca de 200g… é muito! Tendo em conta a oferta no mercado tecnológico e a tendência para ambicionarmos o modelo mais recente, mesmo que tenhamos adquirido o nosso há um ano e ainda esteja em perfeitas condições, o desperdício gerado certamente apresentará valores preocupantes e dos quais a sociedade não se orgulhará.
Obviamente, precisamos de adquirir bens e usar serviços no nosso dia-a-dia para fazer face às nossas necessidades e desejos e termos algum conforto. O consumo fará sempre parte das nossas vidas! Porém, o consumo desmedido a que tão frequentemente assistimos não trará benefícios no longo prazo.
Pensando bem, parece que vivemos num mundo de paradoxos: por um lado apela-se à sustentabilidade, à diminuição da pressão sobre os recursos naturais, à consciencialização de que o comportamento individual é o motor para a mudança; por outro, há um consumo desenfreado, que parece não refletir as preocupações ambientais com as quais somos constantemente confrontados, quase como se esquecêssemos que fazemos parte de um sistema maior do que nós próprios que é reflexo e resultado das nossas escolhas e comportamentos.
Uma das grandes dificuldades está em encontrar o equilíbrio perfeito entre os interesses e salvaguarda do Ambiente e a satisfação das necessidades das comunidades. Apesar de ser um processo longo e árduo que parece ainda estar muito no seu estado embrionário quando pensamos no que ainda falta fazer, depende de cada um diminuir o consumo desmedido, procurar alternativas e adotar um comportamento mais racional.
A mudança e a procura de soluções inovadoras e que permitam o tão desejado equilíbrio devem fazer parte de ambos os lados: da oferta e da procura. Mas como traduzir em termos práticos essas “soluções inovadoras”? Bem, do lado da oferta poderemos falar sob uma perspetiva de economia circular. Além de ser importante procurar diminuir os resíduos e o desperdício resultantes do processo produtivo, seria também pertinente procurar o aproveitamento desses mesmos resíduos para a produção de bens, dando-lhes um novo uso e reintroduzindo-os no processo de produção. O mesmo poderia ser feito com equipamentos e produtos obsoletos, isto é, incentivar o consumidor a devolver os produtos que já não usa ou que estão estragados e aproveitá-los para outros fins, nomeadamente, a produção de outros bens. Na realidade, seria explorar ao máximo as potencialidades dos bens e resíduos.
Do lado da procura, cabe a cada indivíduo tomar ações mais racionais e amigas do ambiente, como por exemplo, procurar produtos que sejam eco-friendly, reciclar mais, devolver os produtos em fim de vida para que sejam devidamente aproveitados e comprar de acordo com as suas necessidades e não tanto pelo status quo que a troca de determinado bem lhes possa possivelmente dar.
Desta forma, o equilíbrio necessário para um consumo mais sustentável e consciente parte dos comportamentos e das decisões individuais de cada um. Porque cada um de nós pode fazer, de facto, a diferença!