Por Bruno Rosa – Swood Convida
Em tempos de pandemia, a prática de atividade física regular, a saúde mental e física ficaram muito em evidência, visto que durante a quarentena muitas pessoas sofreram, e ainda sofrem, com problemas como ansiedade, estresse e depressão, sendo a prática de exercícios essencial quando se trata de prevenção e atenuação dos sintomas da COVID-19.
Há muito, os benefícios que a prática do exercício traziam para quem sofre com problemas mentais eram claros. No entanto, tudo ficou ainda mais explícito nos últimos anos, e por que não, meses.
Antes de tudo é importante ressaltar que atividade física é diferente de exercício. Exercícios são planejados, estruturados e contam com movimentos que se feitos de forma repetitiva, melhoram ou no mínimo sustentam uma ou mais capacidades físicas.
Mas como o exercício pode ajudar? Fiz um apanhado de vários estudos, que também foram citados no IDEA Health and Fitness Association:
- Melhorando a saúde do ponto de vista fisiológico
Melhora de inflamações, diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Depressão e outras doenças mentais estão associadas com baixo nível de atividade física.
- Aumentando a tolerância ao estresse emocional
Como os exercícios são desafiadores, a prática regular aumenta a resiliência e faz a pessoa lidar melhor com outras formas de estresse físico e emocional.
- Aumentando a familiaridade com o estresse físico.
Para quem sofre de ansiedade, o aumento no batimento cardíaco, aumento da sudorese e arrepios podem ocorrer numa crise. Se exercitando regularmente, as pessoas podem aprender a controlar essa experiência de estresse físico, logo um aumento no batimento cardíaco pode se tornar menos amedrontador.
- Aumentando a auto suficiência
Quando você aprende uma coisa nova, aumenta a autoestima. Aprender uma coisa nova aumenta sua auto suficiência. Pessoas com autossuficiência alta, têm maior bem estar, enquanto pessoas com baixa autoestima, são mais associadas a doenças mentais.
- Estimulando o contato social.
Interações sociais podem melhorar o humor.
- Aumentando a exposição ao exterior, luz solar e ambientes arborizados.
Estudos mostram que a exposição ao Sol, até mesmo em dias nublados, podem melhorar o humor.
- Redirecionando o pensamento negativo
Pessoas com ansiedade e depressão, frequentemente ficam presas em ciclos de pensamento negativos. Exercícios podem ser uma diversificação dessa ruminação, focando em coisas diferentes das preocupações do presente e saindo do ciclo negativo.
- Encorajando o envolvimento/compromisso ao invés da fuga
O exercício premia, agrega valor e faz a pessoa continuar a perseguir esse valor da atividade, sem desistir. Essa lição, na hora que a vontade da pessoa desistir de algo na vida, pode ser valiosa.
Além desse apanhado, outros estudos são importantes de ressaltar. Um, feito com mais de 23 mil pessoas, que saiu no Journal of Affective Disorders (2020; 266, 282–87) mostrou que os participantes que fizeram qualquer tipo de atividade física de força, desde exercícios com peso corporal até utilizando máquinas, tinham menor probabilidade de sofrerem com sintomas de depressão. Os achados foram os mesmos para as pessoas que treinavam 1 ou 2x por semana ou 3 ou 5x por semana. O que mostra a importância dos exercícios de força no combate à depressão.
Outro, esse feito no Brasil, durante o isolamento causado pela pandemia, mostrou que nos participantes que não faziam atividade física, o risco de aumento de ansiedade foi de 118% maior, o de depressão 152% maior e o de aumento dos sintomas de estresse 75.1%, quando comparado a quem fazia. Chegando a conclusão que, as pessoas que não estavam praticando atividade física durante a pandemia de COVID-19, tiveram níveis maiores de ansiedade, depressão e estresse.
Um terceiro, esse nos EUA com aproximadamente 17 mil pessoas, concluiu que a junção de exercícios aeróbios moderados, como a corrida, em conjunto com treinamento de força, como a musculação, foram associados a um menor nível de probabilidade de sintomas de depressão.
Mas quanto tempo preciso fazer?
Os estudos sugerem algo em torno de 150 minutos semanais de exercícios moderados ou 75 minutos semanais de exercícios intensos, para que se colham os benefícios.
Tem algum grupo mais afetado?
Na maioria dos estudos, mulheres, jovens (-40 anos), solteiras, desempregadas/estudantes.
É importante ressaltar a necessidade do trabalho multidisciplinar entre Educadores Físicos, para que possam prescrever o melhor método de treino, manipulando as variáveis de volume e intensidade, adaptando o treino à rotina da pessoa, como também de psicólogos e psicólogas, para que a pessoa tenha ainda mais probabilidade de cura e redução dos sintomas das condições citadas.
Percebe-se claramente, a importância do exercício não só na prevenção, mas como também como um poderoso remédio atenuante dos sintomas de doenças mentais como depressão, ansiedade e estresse.
Assim, a prática orientada se mostra essencial, principalmente quando lembramos do crescimento desses sintomas, em todo o mundo, durante a Pandemia.
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Além de se definir como preto, antirracista, anti-machista e nerd, Bruno Rosa é Profissional de Educação Física, ex-atleta de Futebol Americano, criador do TDS Preparação Física, Especialista em Treinamento Desportivo e com Masters em Gerenciamento Esportivo pela Lindenwood University (Missouri, EUA).