Por Yael Cohen – Palavra de Especialista
“Adaptação” e “flexibilidade” são competências que toda empresa procura em candidatos, e nos últimos meses todos tiveram que colocá-las em prática. Muito rapidamente, as necessidades dos colaboradores mudaram. Empresas focadas em resultados e performance tiveram que parar brevemente e cuidar de algumas questões mais básicas, como por exemplo a estrutura dos colaboradores para trabalhar de casa, assim como a saúde física e mental deles e de suas famílias.
Além disso, os acontecimentos políticos e econômicos recentes no mundo nos fazem questionar nossos comportamentos, os de nossa sociedade, e até o das organizações às quais dedicamos nosso precioso tempo e esforço, adicionando mais uma camada de desconforto em uma já complexa situação de trabalho.
A empresa pode ajudar seus colaboradores em um momento tão turbulento?
Sim, e deve. Como não é possível mudar tudo de repente, uma pesquisa de clima pode dar bons insights para entender quais as necessidades dos colaboradores bem como priorizá-las. Há algumas formas de dar suporte durante a pandemia que pode ser muito benéfico para a empresa no longo prazo.
- Necessidades básicas: oferecer soluções para as necessidade básicas é essencial pois só com essas necessidades satisfeitas os colaboradores poderão focar no trabalho do dia-a-dia. As empresas podem expandir ou, se não for possível, educar seus colaboradores sobre os benefícios de saúde física e mental. Possibilitar o trabalho assíncrono, com flexibilidade de horários, também ajuda a acomodar a vida com tantas outras demandas em casa.
- Necessidades de produtividade: a empresa pode conduzir treinamentos sobre melhores práticas de trabalhar de casa, e se possível oferecer uma quantia de dinheiro para os colaboradores montarem seus home offices para que tenham um espaço dedicado ao trabalho. Deixar algumas boas práticas estabelecidas pode ser muito útil para diminuir ruídos de comunicação. Por mais que algumas coisas já sejam feitas de certa forma, o distanciamento requer um pouco mais de estrutura e clareza nas regras/boas práticas de trabalho. Por exemplo, estabelecer as expectativas sobre reuniões (é aceitável participar de uma reunião com a câmera desligada? Quem irá liderar e tomar notas? Como dar espaço e tempo para todos participarem?, etc), consolidar videoconferências para otimizar o tempo, esclarecer que canais de comunicação utilizar dependendo do objetivo da mensagem, como obter ajuda de TI, RH e outros serviços compartilhados. Tudo que for estabelecido agora pode ser incluído nas boas práticas da empresa no longo prazo também. Outro ponto importante para ajudar na produtividade é manter certos rituais da empresa, como reuniões de equipe semanais ou perguntas e respostas com os líderes, e até happy hours, que nos leva ao terceiro e último ponto.
- Necessidades sociais: as interações não formais, como conversas de corredor e almoços, são parte da experiência de trabalhar fora de casa. Nesse momento em que estamos em isolamento, entendemos a importância dessas interações. Promover oportunidades de encontros virtuais para conectar e manter o senso de pertencimento é essencial.
Todas essas ações, pequenas ou grandes, serão guiadas pelo RH e pela liderança da empresa. O investimento que a empresa faz na cultura e no bem-estar de seus colaboradores tem um retorno positivo nos negócios no médio e longo prazo, diminui o turnover e constrói uma equipe baseada nos valores que guiam o dia-a-dia da organização.
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Yael Cohen é formada em Administração de Empresas pelo IBMEC-RJ e tem mestrado em Gestão de Recursos Humanos pela Golden Gate University, em São Francisco, CA. Yael tem mais de 7 anos de experiência em diversas áreas de Recursos Humanos, tanto no Brasil quanto em startups no Vale do Silício. Atualmente, é Gerente de Recursos Humanos na TuneIn, baseada em São Francisco, CA.