Por Carina Marques – Swood Team
Por muitos considerada como “a doença do século XXI”, há muito que o termo “ansiedade” nos é familiar. Cada vez mais se fala de temas como stress, burnout, ansiedade e, no outro lado do espetro, saúde mental e bem-estar psicológico. O stress e ansiedade não estão restritos a uma dada faixa etária da população, nem tão pouco é exclusiva de determinada profissão. Quer jovens quer adultos, quer sejam estudantes ou exerçam uma determinada profissão estão sujeitos a situações de stress e pressão, e a sentir ansiedade.
Sendo possível identificar que possíveis fatores que contribuem para o aumento ou diminuição dos níveis de stress e ansiedade, mais facilmente se conseguirão encontrar medidas que evitem este estado negativo e promovam o bem-estar psicológico. Ademais, a importância de tópicos como este prende-se, entre outros aspetos, com os efeitos, já amplamente estudados, que provocam na saúde dos indivíduos, acabando por se estender a outros domínios da vida dos mesmos.
Tendo por base o contexto laboral, diversas condições influenciam as perceções dos colaboradores e a forma como reagem a fatores passíveis de provocar stress. Na literatura académica, é frequentemente referida a relação entre demands e resources, que aqui se traduzem para exigências e recursos, respetivamente. Assim, é estabelecida uma relação entre aquilo que determinado trabalho exige e necessita do colaborador, em termos físicos e cognitivos por exemplo, e as ferramentas, e.g. físicas ou cognitivas, que o colaborador tem para fazer face aos requisitos de determinada função. Assim, situações de stress podem ser percecionadas pelo colaborador, quando este considera que existe um desajustamento entre os recursos que tem ao seu dispor e as exigências do trabalho, isto é, quando perceciona que as exigências são superiores aos recursos disponíveis.
As características da função desempenhada, o estilo de liderança, o apoio percecionado ou a falta dele, assim como determinadas características da personalidade dos indivíduos influenciam a forma como determinadas situações são encaradas, ou seja, se são vistas como stressantes ou não. O estilo de liderança, por exemplo, poderá influenciar a forma como os colaboradores lidam com situações de stress e ansiedade. Esta influência pode fazer-se sentir pela presença ou ausência de determinados elementos no comportamento dos líderes. Assim, um estilo de liderança que proporcione um grau de autonomia adequado aos colaboradores e que lhes permita gerir o seu tempo e a forma como executam as suas tarefas, poderá reduzir as perceções de desajustamento conducentes a stress. Além disso, o apoio e suporte dados pela chefia e pela organização poderão diminuir, também, os fatores indutores de stress, visto que o colaborador perceciona que a organização zela pelo seu bem-estar e que, caso necessite, poderá receber auxílio.
Contudo, as características individuais também poderão influenciar a forma como os colaboradores percecionam e lidam com situações possivelmente stressantes. Assim, indivíduos com uma maior tendência para o pessimismo e a ruminação mental, por exemplo, poderão apresentar uma maior inclinação para percecionar determinadas situações como stressantes e poderão ter maior dificuldade em lidar com elas.
Coloca-se, então, a questão de como lidar com o stress e a ansiedade. Se questionarmos dentro do nosso núcleo familiar e de amigos, obteremos tantas respostas diferentes quanto o número de pessoas a que perguntámos. Se a isto adicionarmos uma pesquisa na Internet, chegaremos à conclusão que parece não existir uma forma única de lidar com o stress e ansiedade. Assim, cada indivíduo vai adotando estratégias de coping, isto é, estratégias que lhes permitem enfrentar situações consideradas de stress ou desafiantes. Sendo um tema tão complexo e subjetivo, cada um vai procurando ao longo da sua vida e do seu processo de desenvolvimento encontrar as estratégias que melhor se adaptam a si e à sua realidade, podendo estas variar com o tempo e com a alteração de determinadas circunstâncias.
Apesar da sua ampla subjetividade, poder-se-á deixar algumas estratégias que podem atenuar os efeitos negativos quando percecionamos estar perante uma situação de stress. De um ponto de vista organizacional, além de um estilo de liderança que concilie os objetivos da organização e o bem-estar/necessidades dos colaboradores, há algumas práticas que poderão ser implementadas com boas perspetivas a nível de resultados individuais, grupais e organizacionais, como o coaching e práticas de mindfulness e Programação Neurolinguística (PNL). Acresce, ainda, a flexibilidade de horários e a autonomia na execução das tarefas, que podem mitigar as perceções de pressão e stress. A nível individual, o colaborador poderá procurar momentos em que se “desligue” do trabalho, como o fim de semana ou os horários fora do expediente, dedicando-se à sua família, assim como a atividades que goste e que lhe tragam satisfação, como fazer desporto, ler, ver televisão, passear. Além disso, os indivíduos poderão consultar um profissional, como um psicoterapeuta, para ganhar as ferramentas necessárias para lidar com as adversidades e desafios.
Este é um tema recorrente e atual, dado que os efeitos positivos do bem-estar do indivíduo ou os efeitos negativos do stress e ansiedade poderão repercutir-se não só no ambiente organizacional, como também na esfera privada dos colaboradores. Assim, o tema da saúde mental e do bem-estar psicológico é de extrema importância para os indivíduos, organizações e, consequentemente, para a sociedade.