Por Joana Lameira – Swood Team
Na Swood, o mês de março é totalmente dedicado à mulher! Decidimos entrevistar figuras femininas de relevo e partilhar as suas experiências e opiniões no que concerne ao empoderamento da mulher, à liderança feminina e igualdade de género. O nosso objetivo é destacar mulheres que exercem funções mais elevadas e/ou influentes em diferentes áreas de atuação, passando o seu testemunho e encorajando mais meninas e mulheres a seguirem o seu próprio caminho. Afinal, a mulher é um ser incrível capaz de tudo!
Cláudia Ribau é a nossa terceira entrevistada. É doutorada em Marketing e Estratégia pela Universidade de Aveiro, especialista em Marketing e Publicidade, mestre em Recursos Humanos, pós-graduada em Marketing e licenciada em Comunicação Empresarial. Leciona no ensino superior desde 2004 em diversas áreas, nomeadamente, marketing, marketing internacional, marketing digital, comunicação e publicidade, recursos humanos, negócios internacionais, entre outras. É também investigadora e focaliza a sua pesquisa na área da gestão internacional, sobretudo de PME.
Além da sua capacidade pedagógica e do seu desempenho técnico-científico (ao nível da investigação), possui experiência profissional na indústria de mais de 20 anos na área do marketing, comunicação e gestão de recursos humanos, sendo, desde 2002, diretora de marketing e recursos humanos (área estratégica) na Heliflex Tubos e Mangueiras S.A., uma PME transformadora que atua em contexto B2B.
Lê a entrevista completa abaixo e fica a conhecer a opinião da Cláudia sobre a temática da liderança feminina.
Swood Team: Embora se fale cada vez mais de empoderamento e liderança feminina, a verdade é que ainda há poucas mulheres (comparativamente aos homens) a ocupar cargos mais elevados ou com mais responsabilidade dentro das organizações. O que pensa a respeito disto e porque acha que isto acontece?
Cláudia Ribau: “Vivemos ainda numa sociedade muito masculina e penso que não é por imposição legal de quotas que se conseguem mudar mentalidades. A mudança de paradigma é feita por consequência de mudanças geracionais e estas mais tarde ou mais cedo vão acontecer. Curiosamente na semana passada estive presente na defesa de uma dissertação de mestrado sobre a igualdade de género no meio académico (em docentes e investigadores) e, no entanto, os resultados não foram assim tão conclusivos tendo em conta uma população respondente com qualificações acima da média. O que significa que a sociedade ainda está presa a pré-conceitos, valores sociais e educacionais que nos transportam para uma discriminação feminista de quem se sente inferiorizado. O mesmo se passa com a comemoração do dia da mulher, em que em minha opinião só reforça a segregação de minorias.”
Swood Team: Assumindo uma posição de liderança, considera que há uma necessidade acrescida de demonstrar empenho e dedicação para ser levada a sério?
Cláudia Ribau: “Quando vivemos numa sociedade que foi durante muito tempo marcadamente masculina, ainda existem posturas de discriminação na óptica de que ‘o lugar da mulher é em casa’ e, nesse sentido, acredito que mulher que queira ‘cingrar’ tenha que se expor mais ainda em termos de empenho e dedicação, o que as torna contudo mais hábeis assumir em simultâneo vários papéis: como profissional, mulher, mãe, dona de casa, filha, irmã, neta, avó, etc…”
Swood Team: Infelizmente, ainda há casos em que as mulheres são julgadas por priorizar a vida e o sucesso profissional e deixar um pouco de lado a vida pessoal (ex.: constituição de família). Qual a sua opinião sobre este assunto?
Cláudia Ribau: “Os pré-conceitos são isso mesmo: identificar uma ‘mulher de sucesso’ é sinónimo para muitos de impossibilidade de conciliar com a sua vida pessoal. Contudo, a mulher foi desenvolvendo a habilidade ‘multi-task’ e, por isso, é cada vez mais normal encontrarmos mulheres de sucesso a todos os níveis e são esses os casos que devemos evidenciar. É possível que aconteça o alcance do sucesso em ambos os campos, desde que haja compreensão por ambas as individualidades, seja de que género for.”
Swood Team: Como acha que poderíamos trazer uma maior igualdade de género para a sociedade?
Cláudia Ribau: “O que vocês também estão a fazer. Ou seja, trazer para a opinião pública mais ‘casos de sucesso’, de forma mais ‘normal’ possível, criar espaços para debates, estimular a troca de opiniões, que passa em muito por espaços de ensino, onde, na minha opinião, formatamos numa percentagem elevada os valores geracionais. Eu penso que a opção da imposição legislativa não é necessariamente sinónimo de alteração de paradigma ou transformação de maneiras de estar e pensar. Envolver, comprometer, debater são formas de implicar atitudes futuras.”
Swood Team: Que conselhos gostaria de dar às futuras gerações de mulheres que ambicionam chegar a cargos de liderança ou posições influentes como a própria Cláudia conseguiu alcançar?
Cláudia Ribau: “Eu ainda não alcancei. Trata-se de um ‘work in progress‘. Humildemente e até com orgulho aceito este elogio, mas tal como a felicidade não se alcança, vai-se alcançando, isto é, todos os dias constrói-se, quer seja homem, quer seja mulher. Certo que para chegarmos a um patamar em que podemos de alguma forma influenciar positivamente outras pessoas à nossa volta, como referência, é ao mesmo tempo de uma responsabilidade brutal como de um preenchimento ‘interno’ enorme e isso deixa-me satisfeita com a minha linha de vida. O que posso aconselhar? O que digo sempre, basta acreditar, se acreditarmos em nós, no que queremos alcançar é um grande passo neste caminho. Para acreditarmos não nos podemos deixar derrubar pelas ‘pedras’ que encontramos no caminho, cair e voltar a levantar é sinal de crescimento, como também de dor é certo, mas também de uma reconfirmação do que efetivamente acreditamos.”
Orgulhoso de ti,e força para todas as mulheres..beijos..