Por Mariana Vaz – Swood Team
Temos hoje cerca de 7 anos para reverter as alterações climáticas. Todos os anos, as temperaturas médias aumentam e os fenómenos meteorológicos são cada vez mais drásticos e violentos. É inegável que a urgência climática é uma das maiores batalhas da nossa era, mas será que todos os esforços a serem atualmente implementados serão suficientes? Será que as pessoas sabem quais as alterações que devem implementar no seu dia-a-dia?
Na história do nosso planeta houveram 4 extinções em massa, tendo sido a última causada por um meteorito e tendo resultado na extinção de 75% das espécies que habitavam a Terra então, nomeadamente os dinossauros. Durante os cerca de 10 000 anos seguintes, a temperatura média da Terra não oscilou, o que permitiu que esta recuperasse a sua diversidade e se desenvolvesse em harmonia. Essa mesma estabilidade, nomeadamente através das quatro estações, foi o que permitiu o desenvolvimento da espécie humana, através da agricultura.
No entanto, há algo comum a todas essas extinções em massa e que parece prever uma quinta: o aumento do nível de dióxido de carbono na atmosfera. É do conhecimento geral, que o nosso estilo de vida, bastante baseado no consumo, é incompatível com a disponibilidade de recursos e que resulta numa elevada libertação de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa. Aliado ao nosso estilo de vida, a espécie humana teve um crescimento como não há registo de outra espécie, graças à eliminação dos nossos predadores e da evolução da medicina.
As alterações climáticas, culminando numa extinção, serão, claramente, a razão do desaparecimento da espécie humana e da maioria dos animais com quem partilhamos o planeta. Face a isto, o que está a ser feito e o que temos ainda a fazer?
Mesmo com as promessas feitas no Acordo de Paris, Protocolo de Quioto, entre outros, as temperaturas globais ainda podem aumentar em 3,4 °C neste século. As centrais que produzem a energia necessária para a electricidade e aquecimento das casas, as fábricas que produzem as coisas que compramos, os automóveis e os aviões em que viajamos e as explorações agrícolas onde são cultivados os alimentos que consumimos estão a contribuir ativamente para as alterações climáticas. 72% dos países do mundo têm um plano nacional de adaptação em vigor, mas o financiamento e a implementação ficam muito aquém do necessário. O que podemos então fazer?
A mudança de hábitos parece ser a melhor arma que cada um de nós, como indivíduos, tem neste momento. Já se vêm grupos da sociedade mais preocupados e mesmo alguns a viver uma vida de “desperdício zero”, mas esta precisa de ser uma luta global e não de nichos.
É fácil começarmos pelo que colocamos à mesa. Consumir produtos hortícolas locais não só vai diminuir o impacto ambiental do transporte como, provavelmente encontrarás soluções biológicas. Além disso, esta é uma solução mais respeitadora dos nossos solos, atualmente em esgotamento de minerais e outros elementos essenciais devido à agricultura intensiva. No entanto, os produtos animais são os que maior impacto têm. A exploração de animais, quer seja pela sua carne ou pelos derivados, é um processo que liberta gases de efeito estufa, esgota os solos, requer uma quantidade de recursos hídricos muito superior a qualquer outro grupo de alimentos, etc. Procurar por alternativas vegetais pode até se tornar numa forma de experimentar novos pratos e sabores e, contrariamente à opinião geral, com uma pequena pesquisa, é igualmente fácil e acessível.
O plástico é um inimigo já bem conhecido e falado. No entanto, ainda poucas pessoas fogem dele quando este não vem em forma de sacos das compras. A compra de alimentos e outros produtos a granel, além de diminuir o consumo de plástico também é uma ótima forma de evitarmos o desperdício.
O consumo de champôs e outros produtos de higiene sólidos diminui o impacto do seu transporte, embalamento e quantidade de água necessária ao seu fabrico.
Um dos passos mais importantes consiste em procurar melhorar o uso das nossas fontes de energia, reduzindo o seu desperdício e impacto, nomeadamente nas nossas habitações. Infelizmente, a desigualdade energética não o permite a todos, assim como nem todos seremos capazes de implementar imediatamente novos hábitos, mas é importante não nos esquecermos de ir fazendo o que podemos.
O desafio passa por nos tornarmos conscientes do nosso impacto na terra e, aos poucos, apercebermo-nos dos hábitos que devemos ir melhorando. Somos a última geração capaz de lutar contra as alterações climáticas e mudar o nosso trágico rumo enquanto espécie e planeta. O nosso futuro depende da ação que tomamos hoje, temos o dever de agir e afinal não é assim tão difícil.
Fontes: David Attenborough – A Life On Our Planet; Dicionário do Desenvolvimento (ddesenvolvimento.com)