Por Joana Lameira – Swood Team
O tempo em que a sociedade via a mulher como unicamente capaz de cuidar da casa e dos filhos já lá vai. É um facto que o papel e a atuação das mulheres na sociedade evoluiu, com cada vez mais mulheres a ocupar cargos mais importantes ou a exercer profissões que antigamente eram exclusivamente masculinas. No entanto, a presença da mulher no mundo empresarial continua a ser muito inferior à presença do homem. As organizações pertencentes ou lideradas por mulheres ainda são uma minoria e as diferenças salariais, o sexismo e as desigualdades de género no local de trabalho continuam a ser uma realidade.
Diariamente, as mulheres, e especificamente as mulheres que ocupam posições de liderança, são confrontadas com diversos desafios, por exemplo, entrar numa reunião e perceber que é das poucas ou mesmo a única mulher na sala; lidar com o estereótipo de que as mulheres são mais emocionais e, portanto, menos competentes; serem confrontadas com a dificuldade em obter o mesmo nível de respeito e reconhecimento que os colegas homens; ou mesmo a complexidade de conciliar e equilibrar a carreira profissional com a vida pessoal.
Segundo o Público, as mulheres poderão ter de esperar 130 anos para conquistar igualdade de género nos cargos de topo. No que concerne à presença das mulheres em Presidências e Governos, existem apenas 22 países com mulheres chefes de estado ou de governo eleitas. Há 119 países que nunca tiveram uma mulher na liderança. A Estónia tornou-se, este ano, o único país onde há uma presidente e uma primeira-ministra. Algumas das barreiras à participação das mulheres na vida política incluem a falta de apoio de partidos políticos, a falta de financiamento, a perceção pública de que os homens são melhores líderes e a violência (física, psicológica e/ou sexual) ou intimidação (presencial e/ou online). A fraca representação política é a evidência mais clara da diferença de poder entre géneros.
De acordo com o estudo Achieving gender balance in corporate leadership, que analisou dados referentes a 2018, a percentagem de mulheres nos conselhos de diretores das empresas portuguesas era, em média, de 22%. Embora se tenham verificado melhorias, o país continua abaixo da média da União Europeia, que se situa em 27%. No caso das comissões executivas, Portugal teve apenas 10% de mulheres e está também abaixo da média europeia que é de 17%.
O mesmo estudo revela que há mais mulheres a entrar em universidades do que homens, respetivamente 58% e 42%. Estes valores permanecem iguais ao nível da entrada no mercado de trabalho. Contudo, as diferenças começam a acentuar-se ao nível da gestão intermédia, sendo 62% homens e 38% mulheres. A partir daí as disparidades aumentam progressivamente e são acompanhadas pelas desigualdades salariais correspondentes. Ao nível de gestão sénior, são 71% homens e 29% mulheres. No nível de CEO, a diferença afunda para 94% homens e apenas 6% mulheres.
Estes dados revelam precisamente que a “luta” pela igualdade de género continua e está ainda longe de ser alcançada. António Guterres, Secretário Geral das Nações Unidas, salientou a necessidade de colocar mais esforços no alcance da igualdade de género como uma das maiores prioridades para o ano de 2021. Citando as suas palavras: “Gender equality is possible. We must make it happen. Together.”
Referências:
Quando é que as mulheres terão tantos cargos decisivos como os homens? | Mulheres | PÚBLICO. (February 1, 2021). Retrieved from https://www.publico.pt/2021/02/01/impar/noticia/mulheres-terao-tantos-cargos-decisivos-homens-1948800
Achieving gender balance in corporate leadership (pp. 105–139). (2019). https://doi.org/10.1787/bac3ebfa-en