Por Carina Marques – Swood Team
A diferenciação num contexto competitivo é um tema bastante abrangente e que encerra em si diferentes perspetivas. Do lado do empregador, a dúvida é, frequentemente, como se distinguir da concorrência, ser percecionado pelos candidatos e colaboradores como um empregador de referência e como atrair e reter talento; sob o ponto de vista do recrutador, este pode questionar o que distingue verdadeiramente um candidato e como encontrar esses fatores diferenciadores num conjunto de dezenas e, às vezes, centenas de indivíduos. No entanto, esta reflexão foca-se na perspetiva do candidato e do colaborador. Será possível distinguir-se num mercado cada vez mais competitivo? Deverá esse esforço de diferenciação diminuir quando se recebe uma oferta de emprego?
Na realidade, a procura de uma oportunidade de emprego é, normalmente, envolta em grande ansiedade, quer se esteja em início de carreira ou já se tenha um percurso laboral sólido. É nesta fase que surgem, muitas vezes, as dúvidas que minam a nossa confiança e nos fazem colocar em causa o nosso percurso, as nossas escolhas e, até, as nossas capacidades. Acresce a toda esta incerteza e pessimismo individuais, a crescente mudança e competitividade no mercado de trabalho, que parece exigir cada vez mais que um indivíduo se diferencie dos restantes candidatos.
Atualmente e, pensando nas gerações mais novas, quase todos os candidatos têm um percurso semelhante: escolaridade obrigatória e frequência do ensino superior, nomeadamente licenciatura e mestrado. Se antes a detenção do nível de mestrado era um fator diferenciador, hoje parece perder um pouco esse título. A maioria dos jovens que procura ingressar no mercado de trabalho não se ficou pela licenciatura, complementando-a com uma pós-graduação ou mestrado.
Se o fator educação não apresenta grande heterogeneidade, poder-se-á olhar para o rol de atividades extracurriculares, à procura de um fator distintivo? Na realidade, muitos dos jovens candidatos apresentam atividades semelhantes, como aulas de música, prática de desporto ou participação em associações e clubes. O mesmo acontece com a frequência de aulas de línguas e o domínio de uma ou mais línguas estrangeiras.
Quererá isto dizer que todo o percurso de um candidato baseado no seu esforço e empenho não o distingue? Ou que os elementos que compõem esse percurso são exatamente iguais aos que constituem o caminho de tantos outros candidatos? Não! A formação e as atividades complementares poderão ser parecidas, mas o que cada um retira de todos esses elementos é diferente. É a aprendizagem que realiza ao longo do percurso, o que dá e o que recebe dos grupos em que está envolvido, que permite que um indivíduo se distinga num ambiente competitivo como é o atual mercado de trabalho. A sua capacidade para adquirir competências de liderança, trabalho em equipa ou gestão de tempo poderão ser potenciadas se o indivíduo estiver disposto a isso e se entregar a tudo o que faz de forma empenhada.
Passando da perspetiva do candidato para a do colaborador, não parece benéfico nem para a organização nem para o próprio indivíduo que o seu esforço por se distinguir cesse aquando da obtenção de uma oferta de emprego. A busca por novos conhecimentos, por se adaptar às mudanças ambientais e tornar-se proficiente no uso de novas tecnologias e de novos processos são comportamentos que, além de contribuir para a performance da organização, permitem o desenvolvimento do indivíduo. Se numa fase anterior, o empenho parecia ser fonte essencial de distinção, aqui parece ser a capacidade de adaptação.
Apesar de não parecer tarefa fácil, a diferenciação num ambiente competitivo é possível e engloba dois intervenientes: o indivíduo e o esforço e empenho que devota a cada atividade e oportunidade que encontra; a organização e a sua capacidade para contribuir para o desenvolvimento do indivíduo.